quinta-feira, 25 de julho de 2013

Éééééé... E o governo que temos no Brasil ainda ignora isso, em pleno século XXI !


Cuidado! O perigo pode estar bem abaixo dos seus pés, nas calçadas!

Foto: Reprodução


O recente “acidente” sofrido pela atriz Beatriz Segall, que caiu na Gávea/RJ, em decorrência da falta de fiscalização e manutenção nas ruas e calçadas Cariocas, faz necessário observar o péssimo estado de conservação das calçadas da capital do RS. As calçadas de Porto Alegre se encontram, no geral, muito mal conservadas, sendo comum a existência de piso quebrado, buracos, desníveis e “degraus” onde não deveriam existir, é sabido, também, que essa situação expõe os cidadãos ao iminente risco de acidentes.

Para Porto Alegre a Lei Complementar 12/75 determina que a conservação dos passeios é de responsabilidade do proprietário.

Entendo que essa lei não encontra guarida na nossa Constituição Federal, uma vez que, em seu Artigo 23, inciso I, assim dispõe:

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público;

Observo que as calçadas urbanas figuram como bens públicos municipais, portanto, parece-me razoável entender inconstitucionais as leis que imputam a responsabilidade precípua pela sua feitura, manutenção e adaptação aos particulares proprietários de imóveis urbanos.

Esse foi o entendimento do legislador ao disciplinar o Código de Trânsito Brasileiro, o qual, em seu Anexo I, traz o conceito normativo de calçada, definindo-a como “parte da via, normalmente segregada e em nível diferente, não destinada à circulação de veículos, reservada ao trânsito de pedestres e, quando possível, à implantação de mobiliário urbano, sinalização, vegetação e outros fins”.

Mesmo ao considerarmos a Lei Municipal, que prevê como responsáveis pela construção e manutenção das calçadas os proprietários dos imóveis, ainda assim o Estado, no caso a Prefeitura de Porto Alegre, restaria com a responsabilidade de, no mínimo, fiscalizar o estado das calçadas. E, mormente nesse caso, já que os custos para reparação e manutenção das calçadas não seriam suportados pelo erário, caberia à prefeitura multar e exigir a regularização das calçadas, portanto, resta evidente o descaso e irresponsabilidade dos órgãos públicos municipais, como SMIC e SMOV, que deveriam fiscalizar e cobrar isso.

Nesse sentido a 9ª Câmara Cível do TJRS condenou o Município de Porto Alegre a reparar por dano moral o pedestre XXX, que restou ferido ao cair em calçada com desníveis, na Rua Bento Martins, no Centro da Capital, sustentando entre outras coisas que:

“O Poder Público tem o dever de conservar os bens públicos, ou, no mínimo, de fiscalizar a atuação daqueles a quem foi imposto tal dever". “É obrigação do poder público a conservação de ruas, calçadas e logradouros em condições de segurança às pessoas. Com esse entendimento, a "A existência de buracos na calçada de qualquer cidade do Brasil não se mostra um acontecimento extraordinário. A atenção por onde se pisa ao andar na rua, portanto, é natural a qualquer transeunte, deixando o autor de assim agir.”

Toda conduta humana pode trazer em seu bojo a discussão sobre responsabilidade civil, gerada pela violação de uma norma que cause dano a outrem. Assim como as rodovias são mal conservadas, se encontrando em situação deficiente, as calçadas também são. A relevância desse problema encontra seu fundamento nos inúmeros acidentes ocorridos em decorrência da má conservação de ambas.



Considerando que cabe ao poder público oferecer rodovias em condições mínimas de trafegabilidade e manter ou fiscalizar as calçadas para que sejam mantidas de forma adequada, o Estado, como ente de personalidade jurídica, possui o dever de responder por estes atos, comissivos ou omissivos, quando presentes os pressupostos da indenização.

Não obstante sua relevância social, as calçadas não têm sido construídas de maneira acessível, tampouco mantidas de forma adequada, situação que compromete o direito constitucional de ir e vir dos pedestres, especialmente no que concerne a idosos, crianças e pessoas com deficiência. Trata-se, pois, de situação que precisa ser remediada incontinentisob pena de afronta direta e contínua à liberdade fundamental de locomoção dos cidadãos.

Fernando Azeredo.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

O Brasil, a política e a tal politicagem

Foto: reprodução


O Brasil apesar do potencial, sendo autossuficiente em praticamente tudo, exceto, ainda, no domínio de algumas tecnologias, demandará muito trabalho para que vejamos nele um país pujante, crescendo de forma sustentável e dando a justa contrapartida que seus cidadãos e contribuintes merecem.

Existem algumas medidas “saneadoras” que são urgentes, que passam pela reforma e resgate da moralidade política. Nós, brasileiros, temos que ter consciência do nosso poder, as recentes manifestações, apesar de totalmente desorganizadas, mostraram o poder do povo nas ruas, como bem dizia Ulysses Guimarães:

“A única coisa que mete medo em político é o povo nas ruas.”

Há décadas vemos a condução político-administrativa do nosso país nas mãos de políticos politiqueiros, cada vez em maior percentual, que nada mais visam que o poder para, uma vez nele, locupletarem-se. POLITIQUEIROS BARATOS QUE NOS SAEM CARO!

Políticos que, diferentemente do que se espera, e se verifica nos demais meios, nas mais diversas profissões, como professores que optam sê-lo por amor à arte de ensinar, médicos para tratar da saúde das pessoas, biólogos e ecologistas por amor à natureza, e assim por diante, os políticos não fazem jus “a arte de bem governar”, não demonstrando amor à Pátria, não representando, de fato, os interesses dos brasileiros e mostrando total descomprometimento (muitas vezes má-fé) na condução dos seus cargos público-políticos, com total irresponsabilidade com o erário e futuro do país, como verdadeiros APATRIOTAS.

Os políticos de hoje, em sua grande maioria, além de não serem patriotas, não tem ideologia. Vemos o PT coligado com o PMDB e o “diabo a quatro” governando conjuntamente.

É o fenômeno que chamo de “prostituição partidária”, que se opera por meio das coligações, através das quais, em meio aos tantos conchavos, restamos sem oposição, pois esta fica restrita à pequena e fragmentada minoria que não pôde ser acomodada NAS PROLÍFERAS E QUASE INFINITAS “TETAS” da NOSSA GENTIL E GENEROSA PÁTRIA MÃE.

É chegada a hora dos nossos políticos deixarem de lado diferenças político-partidário-ideológicas e sobrepor-lhes o interesse da nação e do povo.

Só assim teremos projetos que venham ao encontro dos interesses do povo e do bom desenvolvimento do nosso país, permitindo a continuidade de programas, projetos e obras que sejam importantes e necessárias, independentemente de quem seja a autoria.

 O próprio ex-presidente Lula provou, ao adotar e seguir as medidas econômicas implantadas pelo governo FHC, que é possível se beneficiar da “colheita de frutos que não plantou”.

É chegada a hora dos políticos deixarem de lado seus egos e “vestirem a camisa”, comprometidos e empenhados com uma administração pública séria, transparente, bem intencionada e competente, por meio da boa versão do erário e da coisa pública, pois assim clama o povo e, urge!

Tenho certeza que, com forte conscientização política e mobilização e união da sociedade, poderemos usar dos nossos representantes para procedermos às mudanças que se façam necessárias, por meio de leis que as possibilitem, no sentido de atender as demandas e anseios do povo brasileiro.


AHHHHH MEU BRASIL, o dia que os homens que estão a te administrar, forem pessoas bem intencionadas, preferencialmente bons administradores, que sobreponham o interesse público aos seus interesses particulares, PATRIOTAS, que procedam com o mesmo comprometimento e zelo que confeririam às suas empresas particulares, comprometendo-se com o erário e as contas públicas, como se dinheiro seu fosse, ninguém mais te segura Brasil, serás A TERRA ADORADA HÁ TANTO TEMPO SONHADA.

terça-feira, 23 de julho de 2013

LULA VEM AÍ

Foto/charge: reprodução

LULA VEM AÍ


Lula é enfático ao dizer que não há possibilidade de ser candidato no ano que vem, tendo suas palavras corroboradas pelas do ministro Gilberto Carvalho (Ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência) que nega existir qualquer movimentação da parte do ex-presidente Lula de concorrer à eleição presidencial de 2014, dizendo:

"A vitória do Lula é a vitória da Dilma. Isso precisa ficar definitivo. Ele não tem nenhuma pretensão, nenhuma vontade de voltar. O que ele aposta é na vitória da presidenta Dilma".

Rui Falcão, presidente da sigla, afirma ainda que:

“A possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ser o candidato do PT à Presidência da República no ano que vem "não tem ressonância" na alta cúpula da legenda”.


Muito embora a cúpula do PT e o próprio ex-presidente Lula sustentem, por meio das suas “palavras”, estar fora de cogitação a candidatura dele, os fatos insistem em nos demonstrar movimentação em sentido contrário.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava “sumido” há tempos, agora, já no Brasil, tem usado boa parte de sua agenda para encontros com movimentos jovens após as manifestações de junho. 
Na semana passada, chamou ao Instituto Lula militantes, representantes de movimentos sociais e redes sociais da internet. Além de conversas com a UNE, juventude do PC do B, PT e de entidades como MST e CUT, o petista convidou os grupos Existe Amor em SP e Circuito Fora do Eixo para tentar entender o motivo dos protestos. 
Segundo Pablo Capilé, do Fora do Eixo, os encontros com Lula mostraram um líder político preocupado em abrir um "diálogo com a juventude". 
“Santa ingenuidade” desse Pablo. Prefiro acreditar que essa avaliação se dê apenas por mera ingenuidade.
Na reunião, ele defendeu como prioridades os temas de direitos humanos, comunicação, meio ambiente, cultura e juventude. Para o secretário da Cultura de São Paulo, Juca Ferreira, também chamado para a conversa da terça passada, há um interesse grande de Lula em entender as demandas.

A imprensa internacional tem bem observado, mesmo que à distância, com visão e lucidez, a dinâmica dos fatos em torno da futura sucessão presidencial, talvez devido ao ditado “quem vê de fora vê melhor”.

Não é à toa que uma eventual volta às eleições do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é tema de reportagem, na edição desta segunda-feira (22,) do jornal britânico Financial Times. 

Segundo o texto, os protestos populares, a queda da aprovação de Dilma Rousseff diante da elevada popularidade de Lula e a mais recente pesquisa eleitoral publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo "alimentam especulações" de que o ex-presidente poderia disputar as eleições de 2014. Dilma, porém, continua sendo a primeira opção do partido, diz o FT de modo a “moderar”.


Ainda segundo o jornal britânico, Dilma é "uma tecnocrata taciturna criticada por políticas econômicas intervencionistas" e que parece mais inclinada a "minúcias de projetos de infraestrutura do que a tomar a tribuna para fazer política". "Isso, combinado com a popularidade do senhor Lula da Silva, tem alimentado especulações de que o ex-metalúrgico, que liderou o Brasil entre 2003 e 2010, poderia fazer um retorno nas eleições presidenciais do próximo ano", diz o texto.


É sabido, também, que a grande maioria do PT quer Lula candidato em 2014. Mas, para isso, é importante que Dilma não saia do PT até a primeira semana de outubro de 2013, quando ficaria refém do partido. Para fixar Dilma, o marqueteiro do PT deu longa entrevista a Folha de SP, santificando Dilma. O objetivo ficou claro: retê-la até outubro. Da mesma forma, Lula, que repete sempre que a candidata é Dilma, se ela assim quiser.

Os amigos de Dilma começaram a se movimentar em direção ao PDT, seu anterior partido. Araújo, seu ex-marido, mas muito amigo, assinou a ficha do PDT. A Folha de SP, em matéria semana passada, informou que isso faz parte do plano B, que começaria pelo ministro Brizola Neto assumir o comando do PDT, vencendo o grupo de Lupi, atual presidente.

O PT, por meio do seu comando, objetivando resgatar a imagem do partido, tenta desvincular a sigla de tudo que não deu ou não está dando certo, como o faz habitualmente, já culpando os seus aliados pela descrença do eleitor na classe política e pelo fracasso da reforma. Penso eu que, de maneira a sustentar o já conhecido “nada sei, nada vi, nada fiz”, dando seguimento ao “me engana que eu gosto” ao qual estamos, infelizmente, acostumados, embora, felizmente, incomodados e intolerantes.

Os governadores, governistas relevantes, assim como a maioria dos deputados e senadores da base aliada, preferem Lula e dizem abertamente que Dilma não controla mais o Congresso, que atua de forma independente. O beija mão a Lula, deles, cresce.
Enquanto isso, a oposição acompanha esta movimentação a reboque. FHC quer que Aécio ocupe logo seu lugar no palco. Dizem que FHC acha uma ilusão imaginar que o PSB ou o PMDB possam apoiar Aécio. Aderem depois, dizem alguns. E os partidos da faixa intermediária fazem, todos os dias, uma análise combinatória de possibilidades de fusão.

Animado pela queda de popularidade do governo Dilma, ex-governador José Serra teria dito a aliados que o momento atual é o mais propício para ele deixar o PSDB rumo ao PPS, para se candidatar à Presidência em 2014, do que meses atrás; nesta terça-feira, Serra visitou o Congresso Nacional; ele avalia que o cenário é favorável para o lançamento de vários candidatos, e não descartou a candidatura do ex-presidente Lula no ano que vem.


Bom, diante disso, só me resta torcer para que as lideranças percebam que o Serra, no meu ver, não venceu e não venceria Lula, tampouco Dilma na ocorrência de um segundo turno nas eleições de 2014, pelo simples fato de não convencer. É assim que traduzo, mesmo reconhecendo suas inúmeras qualidades, não convence! E quem não convence não se elege.  Por isso clamo pelo nome do Aécio Neves para fazer frente ao futuro candidato do PT, porque, além de experiente e apto, tem carisma e convence!


E assim, ao final, possa eu ver do Aécio Presidente, na esperança de ver implantadas novas, necessárias e competentes medidas, como vimos à época do governo FHC, tendentes à boa administração econômico-política do Brasil, por meio de ações comprometidas com o futuro do país. Assim evitando ver no poder, mais uma vez, um governo que pouco fez de novo, tendo esse pouco, invariavelmente, consistido em ações de cunho populista, impregnadas de visões imediatistas, totalmente descomprometidas com o futuro da saúde financeira do país e, consequentemente, com a nossa... Com isso, restaria o PT na posição da qual nunca deveria ter saído, qual seja: oposição! Como oposição sim, embora muitas vezes atuando por meios duvidosos e com excessos, era importante, pois pelo menos era vigilante e “incomodava”.


Cabe lembrar que, com programas como o Bolsa Família, tão criticados tempos atrás pelo próprio Lula enquanto oposição (fato que os desmemoriados podem verificar em vídeo que circula na internet), que “beneficia” 13 milhões de famílias, leia-se 50 milhões de votos,  num país com 130 milhões de eleitores, esse governo populista, demagogo, mal-intencionado, corrupto e cruel, têm se mantido no poder, conduzindo grande parte do seu eleitorado, como o próprio Lula diz, “a pensar com o estômago e não pela cabeça”, e vê-se partindo para a disputa à Presidência da República com expressiva vantagem.

Eu nunca me enganei em relação aos reais objetivos do PT e nunca deixei de ver no Lula um maníaco-narcisista, demagogo, oportunista e manipulador! Resta rezar para que o povo não caia, novamente, na “lábia” do caudilho.

Tenho esperança que, em face das recentes manifestações e das futuras que venham a ocorrer, a “prostituição partidária” que se verificou nas eleições passadas seja coibida, em parte, nas eleições do ano que vem, em virtude do “receio” gerado nos políticos com o povo “na rua” e “de olho”. Havendo, com isso, uma espécie de moralização e resgate da ética, por via forçosa...

Enfim, caso tudo dê errado e, ao final, vejamos Lula ou Dilma novamente no governo, ainda assim teremos um lado positivo, embora à duras custas para o Brasil e nós brasileiros, qual seja: o “fim do mito”, Lula. Pois tenho certeza que o governo PT, que administrou o país, ao longo dos últimos anos, em cenário externo e interno favorável, enfrentando a crise externa com um país forte, com economia estável, por conta das medidas implantadas por seu antecessor não dará "conta do recado".


O cenário a ser enfrentado será outro, e aqui reside a questão: será que Lula conseguirá administrar o país e se manter no poder em meio à desaceleração global, aumento preocupante da inflação, economia em crise, o povo que sai às ruas (indignado e intolerante), questionamento do sistema, crise nas instituições, aumento da violência urbana, tudo isso aliado ao fato de vir a enfrentar, pela primeira vez, uma oposição forte e atuante (que forçosa ou oportunamente terá que se unir)? 


Infelizmente,tenho certeza que não!


O Brasil está em crise sim, e a “bomba”, em face do total descomprometimento do atual governo, com o futuro do Brasil ao longo dos últimos anos, irá explodir, só nos resta saber nas mãos de quem.



Fernando Azeredo

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Anonimato: escudo de heróis ou arma de covardes?



Ditaduras odeiam o anonimato porque é o último bastião onde seus opositores podem se proteger e continuarem a lutar por nobres ideais (e, obviamente, em ditaduras, democratas defendem o uso do anonimato pelos mesmos motivos).

Em democracias, por outro lado, o anonimato impossibilita o debate às claras, e serve aos covardes que não conseguiriam defender suas ideias à luz do sol. É instrumento de ataque desleal.

Daí o anonimato já ter sido usado tanto pela Ku Klux Klan quanto pela resistência francesa.

Entre os primeiros direitos fundamentais de nossa Constituição, está o da manifestação de pensamento. Antes mesmo de tratar de julgamos justos ou privacidade, ela nos garante a liberdade de expressão. Afinal, em uma democracia, temos o direito de dizermos o que quisermos, por genial ou absurdo que seja.

Mas o mesmo inciso continua com uma obrigação que quase sempre passa despercebida: “
sendo vedado o anonimato”.

Isso porque nossa Constituição foi feita em moldes democráticos: você pode dizer o que bem entender e como bem entender, mas precisa assumir o que disse e assumir as consequências legais se aquilo que disse causar dano civil ou penal.

O que se pode deduzir é que, sob a ótica de nossa Constituição democrática, dizer e esconder-se é ato de covardia.

Mas somos de fato uma democracia na qual o debate pode ser feito de forma aberta e civilizada, sem medo de retaliação pessoal?

A resposta evidente é que sim. Afinal, não temos presos de consciência ou presos políticos; não fechamos jornais ou redes de TV; opositores não são condenados em julgamentos políticos. Mas isso significa que nosso debate é de fato democrático ou são apenas evidências de que não há uma ditadura escancarada?

Um bom termômetro - em qualquer país e em qualquer tempo - é se as discussões são focadas no que é dito ou em quem diz. Em democracias plenas, por mais que se deteste quem diz, ouve-se e debate-se o que é dito. Não se faz ataques pessoais, morais ou ideológicos a quem disse. Quando partimos para assassinatos morais (ou mesmo físicos) é porque nos faltam argumentos racionais. Daí surgir a necessidade de quem disse esconder-se atrás do anonimato: é uma forma de remover a personalização do debate e tentar forçar o foco em seu conteúdo.

Dito de outra maneira, o problema é sabermos se a Constituição é o reflexo da realidade ou mera expressão das aspirações da sociedade. Entre o que somos e o que aspiramos ser pode haver uma enorme diferença. Não é porque uma constituição diz que há liberdade de expressão que a liberdade de expressão existe. A lei apenas nos garante a possibilidade da democracia, mas a democracia quem faz somos nós, na prática.

Logo precisamos saber se há diferença entre o que a Constituição estabelece e o que existe na prática. E se há, precisamos saber se essa diferença é tão grande que justifica (ou mesmo exige) manifestantes esconderem-se atrás do anonimato.

Se justifica, o anonimato ajuda na luta pela democracia. Se não justifica, o anonimato é instrumento de baderna.

Meu texto que foi sumariamente excluído pelo Facebook, fato que motivou a criação do Blog:



“A recente imagem mostra o "frenesi" dos "manifestantes" invasores, "acampados" na câmara municipal de Porto Alegre. Realmente este país está virando uma zorra: de um lado uma classe política, por meio de uma inquestionável maioria de seus membros, que não nos representa e, ao contrário disso, vale-se do poder para legislar em benefício próprio e se locupletam no poder e, do outro lado uma "galerinha" nada consciente e inconsequente que se vale, com objetivos duvidosos, de meios equivocados, alegadamente para se insurgir àqueles, pretensamente nos representando. O desrespeito às instituições é inadmissível, e o Estado (que até se entende porquê está acovardado, posto que sem moral nenhuma) não deve permitir esse tipo de desrespeito às instituições.
Com todo respeito àqueles que entendem em contrário e veem nesses invasores "os jovens que estão fazendo a diferença", agindo de fato e não ficando "resmungando no sofá" (revolucionários do sofá) como adoram dizer, mas entendo que, para nos insurgirmos contra essa "zorra" que estão nosso executivo e legislativo, em todos os âmbitos, temos que agir sim, sem dúvidas, no entanto, toda ação para atingir os objetivos de forma satisfatória, deve ser precedida de raciocínio, análise, planejamento e estratégia, sob pena de, assim não fazendo, restarem os seus "agentes" como meros reclamões e baderneiros. Assim se mostrou o "Gigante", que gritou, esperneou, brigou, mas, por não saber o que fazer, diante de seus tantos "quereres", voltou a dormir... E os ora peladões da câmara municipal de Poa... Bom, desses nem vou comentar... Apenas devo lembrar que:

A desordem civil leva a mais governo, não menos. Ela pode até derrubar um governo, mas cria uma situação na qual as pessoas desejam outro, e mais forte. O regime de Hitler, por exemplo, veio depois do caos dos anos de Weimar. O comunismo russo é um segundo exemplo, uma lição pela qual pagaram os anarquistas de Kronstadt. Napoleão é um terceiro.”

Fernando Azeredo.

domingo, 21 de julho de 2013

A história nos mostra que sempre houve o desejo, por parte de muitos homens, de viver em uma sociedade plenamente igualitária. A mesma história e a ciência, por sua vez, nos mostram que, os homens são diferentes por natureza, com características tanto genotípicas quanto fenotípicas próprias. Em face dessas diferenças, os homens têm capacidades e aptidões próprias, que os fazem, individualmente, diferenciar-se dos demais, impossibilitando a sustentação no tempo de uma igualdade presente.

Historicamente muitos homens, nos mais diversos períodos da civilização, viram-se seduzidos pela ideia do homem convivendo em condições de plena igualdade, nos mais diversos aspectos e, até mesmo, sem a necessidade de um poder estabelecido, de um governo.

Em consequência dessas diferenças, essa ideia se viu e se vê, cada vez mais, restrita ao campo das ideias, e, nos dias de hoje, representa uma utopia historicamente comprovada. Querer tornar iguais os homens, que a natureza os fez de forma desigual, é muita pretensão e, por ignorar a história e a experimentação, bem como não encontrar guarida na realidade, hoje pode ser tido como tolice.

Aqui mesmo, no Brasil, temos um exemplo disso, nos assentamentos decorrentes das desapropriações obtidas por meio das invasões e pressão do MST. Alguns “colonos”, já assentados, arrendaram ou venderam seus lotes de terra a outros assentados, fato que fez com que muitos voltassem à condição de sem-terra, outros permaneçam com seu lote original, enquanto vários restaram com um lote fracionado, e, em contrapartida, alguns com mais de um lote. Essa situação fez com que, atualmente, alguns assentamentos sejam de propriedade de uma só família, evidenciando a fragilidade, bem como a limitação temporal desse tipo de igualdade, mormente no caso em tela, que se deu entre indivíduos, supostamente, o mais semelhantes possível.  E ao longo da história, guardadas as diferenças inerentes ao tempo em que se deram, verifica-se, invariavelmente, essa dinâmica.

O século XXI é uma consequência vigente de situações que ocorrem em séculos anteriores. Há muito tempo, já havia a ambição e a vontade de querer mais, os mais aptos ou “espertos” sempre sobressaiam e conseguiam dominar o espaço e se apossar de bens materiais para dominar, de certa forma, a sociedade, visto que, aqueles que nada conseguiam tornar-se-iam subordinados, o que fez surgir primeiro o trabalho escravo, depois o trabalho assalariado. Nesse sentido, a cada dia é mais urgente a necessidade de dinheiro e poder para que o homem possa se sentir útil.

De acordo com Rubem Fonseca:

Existem pessoas que não se entregam à paixão, sua apatia as leva a escolher uma vida de rotina, onde vegetam como “abacaxis numa estufa d’ananases”, como dizia meu pai. Quanto a mim, o que me mantém vivo é o risco iminente da paixão e seus coadjuvantes, amor, ódio, gozo, misericórdia. Carrego um gravador a tiracolo. Apenas quero falar, e o que eu disser não será passado.  jamais para o papel, e assim não tenho necessidade de buscar o estilo requintado que os críticos tanto elogiam e que é apenas um trabalho paciente de ourivesaria.” (FONSECA, 1982, p.3).

Ser capitalista hoje é resultado de vários fatores, que nos transformaram em pessoas que colocam o capitalismo à frente do motivo que rege a felicidade, ou seja, ser feliz está ligado ao dinheiro. Em razão disso, muitas pessoas deixam de viver intensamente cada momento para viver só o trabalho, o dinheiro, que as faz, muitas vezes, incompreensíveis, insensatas e capazes de qualquer ação para adquirir mais e mais (leia-se ganância).

 E, assim vemos as datas, que outrora tinham um significado, mesmo que muitas vezes, pela evolução consuetudinária, não o precípuo, mas que nos aproximavam humana e espiritualmente falando, dando lugar às datas meramente comerciais. Datas que além de perderem seu “espírito original”, deram lugar a datas que podem gerar sofrimento, como por exemplo: um pai, menos favorecido de recursos, que no natal, ou no dia das crianças, não teve condições de dar aquele bem material que seu filho tanto queria (muitas vezes uma coisa extremamente simples e de baixo valor econômico, uma bola de futebol). Pois é justamente desse sofrimento, fruto da “necessidade” do bem material, que se denota a inversão de valores, onde o sentimento e espírito precípuos se veem suprimidos.

O que estão a fazer de suas vidas? Onde vamos parar? Será que o dinheiro é capaz de transformar a vida? 

Podemos até pensar que sim, mas muitos fatores negativos ocorrem por conta dessa dominação, é como se o próprio fosse “o rei dos reis”, constituindo um vício dominante na raça humana. É imprescindível repensar essa ótica da dominação, visto que o homem, como ser racional, vê-se cada vez menos humano, em decorrência da falta de consciência (pois vive em “modo automático”), da sua incapacidade ou, ainda, da indiferença e falta de vontade no sentido de viver de forma mais saudável e justa numa democracia capitalista, abrindo mão do individualismo exacerbado (leia-se egoísmo), o que é perfeitamente possível! 

Ser um capitalista estremado não é saudável para o indivíduo nem para a coletividade, pois aquele vive sem pensar nas consequências de juntar capital, apenas o quer e quanto mais, melhor, não importando se é demais e, muitas vezes, vê-se com tudo ou mais que um dia imaginara e, mesmo assim, não é feliz. Penso que esse último deve ser o maior sofrimento de todos, pois geralmente “nasce” meio que tardiamente ante a impossibilidade de voltar no tempo. Nesse sentido, sabiamente, com sua sensibilidade e ampla visão da vida, nos disse Dalai Lama:

“Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde e, por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem-se do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido.”

 Será que não é isso que torna a sociedade mais injusta e catastrófica? Se continuarmos a andar pela ótica de que “em um mundo capitalista, o dinheiro é fonte de tudo”, será crescente o número de amizades interesseiras e relacionamentos capitalistas a gerar uma bola de neve, em que todos os outros problemas sociais, que necessitam de justiça, humanidade e amor, ver-se-ão ignorados. Estamos cada vez mais sujeitos à futilidade a que nos propomos, basta analisar o individualismo, a falta de perspectiva em construir base, acomodar-se com o dinheiro já é suficiente, talvez esse seja o porquê de tantas tragédias numa sociedade, cada vez mais egoísta. Essa é a base para a felicidade? O dinheiro é a fonte de riqueza material, mas será de felicidade espiritual? Qual o verdadeiro motivo de um homem se tornar um ser tão capitalista? A sede de se tornar melhor que o outro gera um estado de "competição eterna”, o qual nega a solidariedade, que precisa ser repensado.

Ser humano é o início primordial, buscar viver intensamente o que a vida proporciona seria o mais sábio caminho, sem as velhas preocupações com problemas que nos tornam “máquinas destruidoras” da vida. O mundo pós-moderno é assim, repleto de jogos de interesse, quanto mais se tem mais se quer possuir, num ciclo vicioso, onde o dinheiro passa a ser visto como a fonte da vida. É inegável que o dinheiro é bom, visto que nos proporciona bem-estar e conforto, eu adoro! O problema surge quando, no afã da busca dos prazeres que ele nos proporciona, deixamos passar despercebidos prazeres infinitamente maiores, que dele independem, e nos tornamos dependentes, nascendo o “vício”, por meio do qual as pessoas contraem a, cada vez mais abrangente, depressão.

De certa forma, esse cenário que estamos vivendo, trás consigo uma revolta, onde as pessoas se “vendem” por uma “mixaria”, não sendo valorizadas como deveriam, pois a valorização do saber vai muito além do poder capitalista. Assim vemos profissionais das mais diversas áreas, como professores, por exemplo, muitas vezes pós-graduados, mestres, doutores e pós-doutores, que percebem remuneração ínfima quando comparada a alguns apresentadores de TV, jogadores de futebol e políticos, entre outros, muitos deles com formação básica, quando muito. Há uma inversão de valores muito grande que urge ser corrigida.

Por outro lado vejo, com tristeza, pessoas atacando o sistema capitalista embasados na sustentação de pretensos ideais socialistas, comunistas ou, ainda, e pior, anarquistas. Em pleno século XXI, em 2013, pessoas defendendo o socialismo e/ou comunismo, quando a história remota e recente nos trás “n” exemplos, todos, em última análise, com o mesmo resultado: sob “pretensa” intenção da plena e absoluta igualdade social, o povo se via em meio a uma sociedade injusta e pobre, onde só o ditador (e seus familiares e mais próximos) vivia com abundância de recursos, à custa de um povo pobre e sofrido, “nivelado para baixo”, sem valorização profissional, sem as perspectivas de crescimento que o capitalismo proporciona, e tolhidas de “n” direitos por força de um ditador. Sistema que já está mais que comprovado ser utópico, uma vez que, na prática, não se dá, nem de longe, tal como concebido no mundo imaginário fruto da idealização dos seus defensores.

Quanto aos defensores do anarquismo nem há muito que falar, pois o que pode resultar de uma sociedade vivendo conforme essa ideologia, que defende a possibilidade da existência de uma sociedade e, pior que isso, uma sociedade mais justa, sem a existência de leis e governo, senão um retrocesso ao estado de selvageria?

Entendo que o grande desafio e missão da nossa, e das futuras gerações, é achar um ponto de equilíbrio entre o ser, o ter e o viver. Para que assim, uma vez resgatados nossos valores, possamos viver inteligente, sadia e sabiamente o único modo que, no mundo globalizado que vivemos, entendo ser viável vivermos de maneira mais humana, justa e próxima, em sociedade, qual seja: o nosso sistema democrático-capitalista.

Pois bem, espero de coração, que minhas palavras tenham traduzido minha intenção e propósito e, mais que isso, leve-os à reflexão. Que possamos fazer nossa parte, procedendo às mudanças internas que se fazem necessárias, para construção de um novo mundo, mais justo e humano, onde as pessoas possam VIVER e não apenas sobreviver (quando assim conseguem, em face da triste realidade enfrentada por muitos).



Fernando Azeredo.